quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Um bom exemplo para mostrar como é a cabeça de um adolecente....

 Um filme assistido por muitos.... AOS 13. O filme é um drama, muito bem interpretado e que deveria ser repassado em todas as escolas, uma mensagem de vida, um alerta aos jovens e seus pais. Um dos filmes mais atuais e importantes a juventude que circula por ai nos últimos tempos, recebeu vários prêmios e uma indicação para o Oscar.

 O filme acontece nos dias atuais e é uma história que leva pais e filhos a refletir. Tracy é uma jovem adolescente com 13 anos, bonita, estudiosa, que ainda tem um olhar meigo e angelical, que ainda tem brincadeiras de crianças, brinca de bonecas e dorme com ursinhos de pelúcia. Vive com a mãe, o padrasto e o irmão. Tem um bom relacionamento com a mãe e o irmão, mas o padrasto é um ex-usuário de drogas de quem ela não gosta, mas isso não interfere nas suas decisões e nas suas escolhas.
A história começa quando Tracy passa para o ginásio e se sente inferior as colegas mais velhas, poderosas e populares. Se sente intimidada e atraída com a pressão que os grupinhos exercem. Tracy começa então a se esforçar para se tornar amiga da Evie Zamora, uma garota pop, bonita, sexy, arrogante, vestida sempre na moda jovem, aquele tipo que parece superior a tudo e a todos. Naquele momento Evie representa para Tracy um modelo, ela deseja se tornar igual a ela, uma mulher bonita, jovem, moderna e descolada.O inicio dessa fase chega a ser engraçada, Tracy é desajeitada, não sabe se roduzir e se comporta sempre de maneira errada, mas Tracy consegue e se torna amiga da sexy Evie, que começa a lhe mostrar o seu mundo, em que sexo, festas, drogas e até pequenos crimes são permitidos e necessários para ser aceito, para pertencer a um grupo, necessidade tão vital nessa fase da vida do ser humano, a adolescência. Tracy no inicio meio assustada mas logo começa a se deslumbrar pelo “poder” de certas atitudes. De boa aluna se transforma numa aluna que mata aulas e tira notas baixas, se torna arredia de sua mãe e passa a correr riscos cada vez maiores, pois não esta preparada para a vida adulta e especialmente para o tipo de vida que esta conhecendo. No meio desse redemoinho Tracy tem sua primeira relação sexual.
O filme traz a tona problemas vividos pelos jovens, a pressão das turmas, a necessidade de ser aceito, a falta de dialogo com os pais, as escolhas que são obrigados a fazer cada vez mais cedo, quando ainda não tem maturidade para tal.


Papo Reto.

  A camada da população que menos aceita o princípio da igualdade entre pessoas com diferentes orientações sexuais é constituído por homens, mais idosos, trabalhadores, com menos habilitações literárias e um menor conhecimento da homossexualidade. Contrariamente, são as mulheres, mais jovens, estudantes, com mais habilitações literárias e uma maior compreensão acerca da homossexualidade, quem mais aceita o princípio referido

1.     Fale um pouco de si.

            Tenho 18 anos, sou estudante (no ramo da informática) e vivo na Madeira, num meio urbano. Provenho de uma família da classe média. A minha mãe é funcionária pública e o meu pai trabalha numa loja.

2.     Quando é que percebeu que a sua orientação sexual era esta?

            Penso que desde sempre me apercebi que era “diferente”... Cheguei a sentir-me atraída por rapazes, namorando mesmo com alguns. Porém, sentia que faltava qualquer coisa... Há cerca de uns 5 anos, decidi deixar de me enganar a mim própria e de enganar os outros, passando a aceitar as coisas tal como são. Mas não foi uma decisão fácil, na medida em que era ainda muito nova (tinha sensivelmente 13 anos).
            Inicialmente, senti o meu “coming out” como um confronto emocional: por um lado, desejava muito estar com mulheres, no entanto, por outro lado, pensava que aqueles sentimentos eram errados e maus, tanto para mim como para a sociedade. Felizmente, decidi conversar mais com alguns dos meus amigos (também eles homossexuais) acerca do que me preocupava e estes esclareceram-me muitas coisas. Assim, fui conhecendo novas pessoas e tendo outros interesses.
            Actualmente, não me arrependo minimamente de ter tomado esta decisão (de me assumir como homossexual), em parte porque duvido que suportasse permanecer na mentira por muito mais tempo.

3.     Como lida com a sua homossexualidade no dia-a-dia ?

            Neste momento, sinto que a minha orientação sexual é apenas mais uma característica presente em mim, exactamente da mesma forma que existem pessoas morenas, ruivas, louras, magras, gordas, altas, baixas, de raça negra... Ou seja, vejo a homossexualidade como uma simples condição existente na vida de certas pessoas.
            Tenho um relacionamento estável (que dura há 3 meses). A minha mãe tem conhecimento da minha relação homossexual. Aliás, ela e a minha namorada já se conhecem e dão-se muito bem! Os meus amigos mais próximos também sabem e sentem-se perfeitamente bem com a situação.
            No meu local de trabalho, ou seja, a escola, estou somente a concluir uma disciplina, o que faz com que eu conviva muito pouco com os meus colegas (com os quais me encontro apenas duas vezes por semana), logo, mal os conheço e, portanto, o pouco tempo que passamos juntos não é suficiente para que eu me sinta à vontade para lhes falar da minha homossexualidade... De qualquer das maneiras, nunca tive um vasto rol de amigos, mas os poucos que tinha, na altura em que os esclareci acerca da minha orientação sexual, preferiram afastar-se... Então, desses, restaram duas amizades heterossexuais, que constituem, presentemente, as minhas duas melhores amigas

4.     A sua família tem ou não conhecimento? Se sim, qual foi a reação?

            Assumi-me como lésbica à minha mãe, há cerca de 4 anos, sendo ela a única da família que conhece a minha verdadeira orientação sexual. Ela tem sido excelente comigo, mas eu sei que, infelizmente, nem todas as “progenitoras” reagem bem... Inicialmente, a minha mãe queria que eu consultasse um psicólogo, porque, na verdade, ela desejava que eu “deixasse de ser assim”. No entanto, com o passar do tempo, acabou por aceitar a minha homossexualidade. Quanto ao meu pai, a nossa relação não é muito boa, logo, não faço intenções de lhe contar. Se ele, um dia, eventualmente, me perguntasse se sou ou não lésbica, eu afirmaria que sim sem quaisquer problemas, mas sei que nunca o fará e, portanto, vou deixando as coisas como estão.
            A minha mãe só tem uma irmã, que tem um filho. Eu, tal como ele, sou filha única e, como tal, o meu primo e eu passamos muito tempo juntos. Ando a pensar em falar-lhe acerca da minha orientação sexual, mas temo que, tendo em conta a sua mentalidade (ele tem apenas 15 anos), seja cedo demais.
            Tenho conhecimento que um dos meus melhores amigos é constantemente agredido pelo pai, que se recusa a aceitar ou, pelo menos, tolerar a orientação sexual do filho. Quando penso neste caso, pergunto a mim mesma: “mas quem é que este homem pensa ser para se achar no direito de julgar o filho pelo amor que este tem por alguém, ainda que essa pessoa seja do mesmo sexo que o seu descendente?”. Como diz a minha mãe, “o importante é a felicidade dos nossos filhos!”. Sei também de outras situações em que alguns conhecidos meus chegaram a ser postos fora de casa..

5.     Na sua opinião, como é atualmente encarada a homossexualidade pela população em geral?

            O “defeito” da sociedade em geral, relativamente à visão que tem da homossexualidade, é encarar o “diferente” como anormal. O problema de muitas pessoas é que, quando vêem algo diferente da norma/daquilo a que estão habituadas, “apontam o dedo”, criticam negativamente, em vez de tentarem aceitar, isto é, não percebem a população homossexual e, pior ainda, não querem tentar perceber, o que nos magoa profundamente. Assim, idealizo uma colectividade que veja os homossexuais como pessoas que também trabalham de modo a puderem pagar as contas no final do mês, que também estudam para tentarem “ser alguém”, que também amam e são amadas... Não entendo o porquê de sermos tratados de maneira diferente pelo simples facto de nos sentirmos física e emocionalmente atraídos por uma pessoa do mesmo sexo... Ou seja, se a forma de amar é a mesma, porquê a discriminação?
            Na minha opinião, há uns anos atrás, a discriminação recaía principalmente sobre os indivíduos de raça negra. Actualmente, apesar de ainda se verificarem injustiças contra os negros, os principais discriminados somos nós, a comunidade homossexual. Provavelmente, daqui a uns anos “inventam” qualquer outra coisa para apontarem como “errado”.
            Depois existem ainda os homossexuais homofóbicos (por acaso, conheço alguns), que, não aceitando sentirem o mesmo que os homossexuais, nos discriminam.
            Penso que as tentativas de mudança das mentalidades deveriam começar por incidir sobre os jovens, uma vez que ocorrem muitas agressões a homossexuais em escolas. Na maioria dos casos, esta discriminação é consequência dos valores transmitidos pela família: por exemplo, se um dos pais explica ao filho que a homossexualidade é algo errado e que deve ser banida, essa ideia, ainda que errada, permanecerá no pensamento da criança como certa. Como tal, acho que os jovens constituem a camada da população que mais discrimina gays e lésbicas. Os idosos olham e comentam baixinho, para logo a seguir prosseguirem o seu caminho; os adultos actuam exactamente da mesma forma; os jovens são capazes de observar, comentar (por vezes, alto, de modo a que também a “vítima” da agressão verbal possa ouvir) e ficar a pensar no assunto, arranjando, mais tarde, maneira de nos fazer mal (aos rapazes homossexuais, principalmente através de agressões físicas e verbais; às raparigas, com tentativas maldosas de tentarem ver-nos a trocar afectos; efectivamente, muitos homens heterossexuais, quando pensam em homossexuais, consideram apenas a parte sexual: então, homem + homem = nojento/mulher + mulher = excitante).
            Concluindo, na minha opinião, hoje em dia, a discriminação em relação aos homossexuais é, infelizmente, muita. Ainda há muita gente que não se assume, receando as possíveis reacções... Eu própria não me assumo totalmente, uma vez que, por exemplo, quando passeio com a minha namorada não lhe dou a mão, não a abraço, não a beijo, porque tenho consciência de que, para a sociedade em geral, a homossexualidade representa algo errado. Obviamente que, se assim desejarmos, podemos “fazer-lhe frente” e demonstrar afectos em público, mas as coisas não são assim tão simples: não podemos adivinhar as atitudes que daí advirão e, no meu caso, a família da minha companheira é extremamente religiosa e, portanto, jamais aceitaria a nossa relação. Felizmente, nunca presenciei nenhum caso de agressão física a um homossexual, mas tenho amigos que já.

7.       O que pensa que se poderá fazer para facilitar a integração social dos homossexuais?

            A criação de mais grupos de apoio é muito importante. Aproveito para falar da Rede Ex-aequo, que contém vários grupos em várias cidades, organiza diversas actividades, reuniões onde é possível pedir conselhos, desabafar, conhecer pessoas que passam/passaram por situações semelhantes...
            Tenho pena que na Madeira não existam sítios onde nós, homossexuais, possamos sentir-nos mais à vontade... Não há “bares gay” nem grupos de apoio... Parece-me que havia alguém empenhado na criação de um centro comunitário, na Madeira, mas as pessoas interessadas não eram em número suficiente para ocupar todos os cargos de coordenadores que uma instituição assim implica ter.
            Quanto à sociedade, penso que acabará, mais tarde, por ver os homossexuais de uma maneira diferente... Como já me disseram: se, hoje, dermos um beijo em frente a um determinado número de pessoas, amanhã novamente, e depois também... Daqui a algum tempo, o afecto trocado por homossexuais será tão banal que as pessoas vão deixar de ver a homossexualidade como algo “diferente”.
            Também seria relevante a organização de palestras, principalmente em escolas


Entrevista feita por Caroline Afonso
Entrrevistado ,Estudante de musica Jessica Ruben.